Juros batem recorde e afetam nosso setor

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumentou, em 7 de maio, a taxa básica de Juros (Selic) em 0,50 ponto porcentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. A decisão foi unânime e confirmou aquilo que o mercado financeiro já esperava: um recorde de quase 20 anos.

A notícia sobre o novo recorde dos juros abre o AELO ON desta semana, que mostra também a reação do setor imobiliário e da construção, um artigo do jornalista Celso Ming e um editorial do “Estadão”.

A taxa de juros chega ao maior nível nominal desde julho de 2006, no primeiro governo Lula, quando o Copom cortou a taxa de 15,25% para 14,75% ao ano. Naquela época, os juros estavam em queda depois de terem atingido 19,75% em maio de 2005, um dos maiores patamares do século 21.

Ao subir a taxa em 0,5 ponto, o Copom cumpre sua sinalização de março de que o juro seria elevado em menor patamar do que o ritmo de 1 ponto porcentual escolhido pelo colegiado nas reuniões anteriores.

O comunicado do Copom explica: “A conjuntura externa, em particular os desenvolvimentos da política comercial norte-americana, e a conjuntura doméstica, em particular a política fiscal, têm impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê segue acompanhando com atenção como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.

O Copom deixou em aberto o rumo da próxima reunião. “O Comitê se manterá vigilante e a calibragem do aperto monetário apropriado seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, diz o texto.

O colegiado explicou que, para a próxima reunião, o cenário de elevada incerteza, aliado ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional na atuação da política monetária e flexibilidade para incorporar os dados que impactem a dinâmica de inflação.

A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), à qual a AELO é filiada, divulgou em 7 de maio uma análise sobre o desempenho do setor no primeiro trimestre. Algumas das principais publicações econômicas do País destacaram esses dados. 

A taxa de juros elevada é a principal preocupação da construção civil para 2025, num cenário em que os custos do setor voltaram a subir acima da inflação oficial do País. 

Para o presidente da CBIC, Renato Correia, o cenário exige cautela. “O crescimento da taxa de juros é, realmente, uma preocupação. Esse é o inimigo número um da economia. Você tem uma pressão de custo de material, de mão de obra e de taxa de juros. E uma possibilidade da renda de quem compra não crescer daqui para frente. Então precisamos estar atentos e investir nas possibilidades de créditos disponíveis”.

O AELO ON relembra, aqui, a análise feita pelo presidente da AELO, Caio Portugal, em 2024, a respeito das consequências dos juros altos para o setor. Após o Fórum Estadão Think sobre Loteamentos Urbanos, Caio deu entrevista ao repórter Circe Bonatelli, para o “Caderno de Loteamentos” n.º 3 do “Estadão”. Ele explicou: “Existe uma sensibilidade em relação à taxa de juros e alguma insegurança no marcado. E vale lembrar que é o loteador quem financia o consumidor final. Não tem uma linha de crédito imobiliário dos bancos para esse mercado. O lote urbanizado não é um produto final. É a matéria-prima para a futura edificação. Cerca de 65% do nosso mercado é de lotes que vão servir para a construção da primeira residência, a maioria deles no padrão econômico”. 

Últimos posts

Newsletter